Por Luiz Prisco
08:41
Por Luiz Prisco
A vontade era escrever esse texto logo após a confirmação da notícia que abalou a todos nessa sexta-feira (5/11) – um dia que, mesmo negativamente, se torna inesquecível. Porém, em alguns momentos, é preciso respirar e pensar sobre o que falar. A morte de Marília Mendonça é um tragédia multipla: familiar, nacional e artística. Morreu, em um acidente de avião, a maior popstar brasileira.
Eu, pessoalmente, tento fugir dos “números” para justificar um conceito artístico – afinal, não existe imposição da objetividade em algo subjetivo como a arte. Mas, no caso de Marília Mendonça, os tais “números” fazem sentido e reafirmam o talento da cantora.
No Instagram (turbinado pela tragédia), são 40 milhões de seguidores. Ela é dona da live mais vista do YouTube, com pico de 3,3 milhões de acessos simultâneos e 14 bilhões de views no canal. Acumula(va) 8,3 milhões de ouvintes mensais no Spotify – além de 21,3 milhões de seguidores. Tudo superlativo, como o talento de Marília Mendonça.
Esses números reforçam a tese. Certa vez, Dinho Ouro Preto, traído por um erro de digitação, e falou que faltava um “Norvana” para unir todas as tribos.
falta uma banda q una todas as tribos.Como foi o Norvana
— Dinho Ouro Preto (@dinhoouropreto) April 3, 2013
Se nos anos 1990, o Nirvana (ou Norvana, fique à vontade) conseguiu ser uma unanimidade mundial…. na segunda década dos anos 2000, Marília Mendonça foi capaz de, no Brasil, unir todas as tribos. Basta ver a lista de artistas que a homenagearam no momento da morte: Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Emicida, Racionais MCs, Anitta, Safadão, Gusttavo Lima e basicamente todos os cantores do país.
Se os artistas se uniram para homenagear Marília Mendonça, os fãs também se juntaram no luto. Do roqueiro ao funkeiro, em algum momento, todos ouviram a Rainha da Sofrência, cantaram em plenos pulmões Infiel – caso você ainda não tenha feito, há tempo, garanto ser uma grande experiência.
Marília Mendonça, como se chamou seu projeto mais bem-sucedido, uniu Todos os Cantos desse Brasil. Transcendeu o nicho do sertanejo, criou o feminejo, um estilo com roupagem mais pop, que virou um fenômeno. Da festa de música eletrônica à balada LGBTQIA+, a cantora esteve presente. Liderou a tomada feminina do ambiente machista do sertanejo.
Marília Mendonça foi gigante. Virou a maior cantora pop de um país desacostumado com unanimidades. Por fim, virou saudade dentro de muitas casas.